Pinhão precoce mantém qualidade e nutrição, confirma estudo.

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Foto: Andre Kasczeszen

Uma pesquisa realizada pela Embrapa Florestas (PR) comprovou que o pinhão produzido por araucárias clonadas por enxertia apresenta o mesmo valor nutricional que o tradicional. A técnica, que permite a colheita entre seis e dez anos após o plantio — contra os 12 a 20 anos exigidos na natureza —, torna o cultivo da espécie economicamente mais viável e sustentável.

Segundo os pesquisadores, o sabor e a qualidade dos pinhões precoces são equivalentes aos das árvores tradicionais. As análises nutricionais mostraram que os pinhões de plantas enxertadas mantêm baixo teor de gordura, são ricos em proteínas, carboidratos e fibras, e possuem alto valor calórico, características fundamentais do alimento típico do Sul do Brasil.

O avanço tecnológico vem em boa hora: a araucária (Araucaria angustifolia) é uma espécie criticamente ameaçada de extinção. A produção precoce e orientada via enxertia pode impulsionar o plantio comercial e diminuir a pressão sobre florestas nativas, além de gerar renda para produtores rurais das regiões Sul e Sudeste.

A Embrapa, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), também lançou um manual técnico para orientar agricultores sobre implantação de pomares, escolha de mudas de qualidade, manejo correto e a importância da diversidade genética para manter a saúde das plantações.

O pesquisador Ivar Wendling, da Embrapa Florestas, destaca que o principal desafio atualmente é a implantação adequada dos pomares. “A maior dificuldade não está mais na produção das mudas enxertadas, mas na forma como o plantio é realizado no campo”, explica. A publicação técnica reforça a necessidade de planejamento, escolha de área e adoção de práticas de manejo específicas para garantir o sucesso do cultivo.

Além disso, produtores como Silmara Luciane Galhardo, em Cunha (SP), e Cleverson Coradin, de Bocaiúva do Sul (PR), já adotaram a tecnologia e começaram a colher pinhões muito antes do tempo esperado. Em Bituruna (PR), a produção precoce virou até política pública com o programa “A Força das Araucárias”, que incentiva o plantio comercial e a instalação de agroindústrias para agregar valor ao pinhão.

O estudo mostra que, além do benefício econômico, a produção precoce representa uma estratégia importante para a conservação da araucária. A antecipação do ciclo produtivo incentiva o plantio em áreas restauradas e em sistemas agroflorestais, ampliando a presença dessa árvore símbolo da cultura do Sul brasileiro.