
Localizada no topo de um morro no coração de Lages (SC), a Estação Experimental da Epagri é símbolo de tradição e inovação. Com 113 anos de história, a unidade mais antiga da empresa segue desempenhando um papel fundamental para o desenvolvimento agropecuário da região, especialmente na pecuária de corte. Por trás dos muros do casarão histórico, estão mais de 45 projetos de pesquisa em andamento — alguns deles em atividade contínua há mais de 30 anos.
Entre os estudos de maior destaque está a pesquisa sobre cultivares forrageiras adaptadas ao rigor climático da Serra Catarinense. O trabalho, desenvolvido em parceria com instituições do Sul do Brasil, busca identificar variedades de pastagens capazes de resistir ao frio intenso da região e de suprir o chamado déficit forrageiro outonal, quando a disponibilidade de alimento para os rebanhos naturalmente diminui.
Na linha de frente deste esforço está o engenheiro-agrônomo Ulisses de Arruda Córdova, que atua na Epagri há quatro décadas. Ele coordena os estudos em Lages e destaca a importância de desenvolver materiais que prolonguem o uso das pastagens durante o outono. “Estamos falando de um impacto direto na produtividade da carne e do leite. Melhorar a qualidade e a resistência das forrageiras é garantir segurança alimentar e econômica para os produtores da Serra”, reforça.
Com a proximidade da aposentadoria de Ulisses, a continuidade do projeto já está sendo cuidadosamente planejada. O pesquisador Joseli Stradioto Neto, também engenheiro-agrônomo com 35 anos de atuação na Epagri, passa a acompanhar os experimentos mais de perto e se prepara para assumir a liderança do projeto. “A pesquisa com pastagens é contínua e exige renovação constante. A cada ano testamos novas cultivares, avaliamos sua produtividade e resistência e levamos essas informações aos produtores”, explica Joseli.
A aposta da Epagri não é apenas científica, mas também estratégica. Para garantir que os resultados cheguem ao campo com eficiência, a instituição investe na introdução de sementes melhoradas e no aprimoramento genético das plantas forrageiras. “O nosso compromisso é com a qualidade de vida no meio rural. Ao trazer novas tecnologias e inovações para as propriedades, conseguimos aumentar a eficiência e a rentabilidade da produção pecuária”, afirma Dediel Junior Amaral Rocha, agrônomo da Epagri há 10 anos.
Esse trabalho colaborativo, que une diferentes gerações de cientistas, mostra como a pesquisa agropecuária pode se manter atual sem perder de vista suas raízes. Com dedicação e planejamento, a Estação Experimental de Lages segue como referência no desenvolvimento rural sustentável, promovendo inovação, sucessão técnica e um futuro mais promissor para o agronegócio da Serra Catarinense.