O Governo do Paraná, por meio da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar), iniciou um importante processo de cadastramento de áreas produtoras de uva em todo o estado. A iniciativa visa fortalecer ações de prevenção e conscientização sobre os riscos da deriva de agrotóxicos, especialmente os de origem hormonal, que podem comprometer a qualidade e a produtividade das videiras.
A proposta foi debatida em encontro recente realizado durante a ExpoIngá, em Marialva — município que lidera a produção de uva no estado. O evento contou com a presença de produtores, técnicos e autoridades, incluindo o presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza, e o diretor de Defesa Agropecuária da Adapar, Renato Young Blood.
Durante a reunião, destacou-se a importância de buscar o equilíbrio entre diferentes setores do agronegócio. “Precisamos encontrar soluções que promovam a convivência entre os produtores de grãos e os de frutas”, afirmou Natalino. Ele ressaltou que o diálogo com os agricultores que utilizam herbicidas nas lavouras é fundamental para preservar culturas sensíveis como a uva, de grande relevância para o estado e especialmente para Marialva.
Na ocasião, a Associação Norte Paranaense de Pesquisa e Fruticultura (Anpef) apresentou sugestões para aprimorar o controle da deriva, incluindo a criação de um cadastro detalhado de herbicidas e suas possíveis interferências nas culturas mais vulneráveis, além do reforço à fiscalização preventiva.
Segundo Renato Young Blood, os esforços recentes já mostraram avanços: a Adapar conseguiu reverter o cenário de risco na aplicação de defensivos, com a adequação de bicos de pulverização que anteriormente eram considerados inadequados. “Saímos de 90% de equipamentos com problemas para 90% em conformidade. Mesmo assim, a incidência de deriva ainda preocupa”, alertou.
Diante disso, o mapeamento dos pomares será uma ferramenta estratégica. Com a localização precisa das áreas produtoras, será possível direcionar ações educativas e técnicas que promovam práticas agrícolas mais seguras. Além disso, o Estado planeja investir em unidades de referência para testar e demonstrar o uso de herbicidas não hormonais, buscando alternativas viáveis ao uso tradicional de químicos agressivos.
A vitivinicultura paranaense tem peso significativo na economia rural. Em 2023, o Valor Bruto de Produção (VBP) da uva alcançou R$ 261,7 milhões, com mais de 45 mil toneladas colhidas. Marialva liderou com folga, gerando R$ 70,4 milhões em valor e mais de 10 mil toneladas produzidas. Na sequência estão Uraí, com R$ 10,9 milhões e 1,6 mil toneladas, e Rosário do Ivaí, com R$ 10,1 milhões e 1,5 mil toneladas.
Com o novo cadastramento, o governo estadual reforça seu compromisso com uma agricultura sustentável e equilibrada, que respeite tanto os avanços da produção em larga escala quanto a proteção de cultivos mais sensíveis, como a uva — símbolo de tradição e qualidade no Paraná.