O Pioneirismo de Pedro Padilha: A Revolução da Casca de Pinus em Bituruna, Paraná

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Foto: Wallace Quintino

Em Bituruna, no Paraná, conhecemos Pedro Padilha, viveirista há mais de 35 anos, estudioso das araucárias e pioneiro na plantação de flores no estado. Além disso, ele também se destacou como um dos primeiros a fabricar substrato a partir da casca de pinus, um material que se tornou essencial para a jardinagem e a agricultura.

A casca de pinus começou a ser utilizada na região após a proibição do corte do xaxim, que até então era amplamente empregado em vasos e decorações de jardins. Com essa proibição, a casca de pinus ganhou espaço na Europa como elemento decorativo e, na África, começou a ser utilizada em processos que se aproximavam da produção de substrato.

Substrato a partir da casca de pinos
Casca de pinos prontas para venda

Pedro Padilha relembra que sua jornada com a casca de pinus começou durante um curso, onde conheceu um alemão que lhe transmitiu conhecimentos valiosos sobre o material. O principal desafio era o tanino presente na casca, que pode ser prejudicial às plantas. Com a técnica aprendida, Pedro encontrou formas de quebrar o tanino e iniciou seus primeiros experimentos. No início, sua esposa o chamou de louco, pois poucas serrarias existiam na época, e ninguém sequer falava sobre esse tipo de substrato.

Ele iniciou o processo em pequena escala, compostando a casca de pinus em uma caixa e moendo-a em um pequeno moinho. Com a proibição do xaxim, Pedro já possuía um estoque inicial de substrato e passou a realizar testes. Antes, os vasos e substratos eram exclusivamente feitos de xaxim e terra. O início foi desafiador, pois o tanino ainda causava problemas nas plantas, mas a chegada das laminadoras facilitou o processo. Para retirar as lâminas do pinus, as indústrias precisavam cozinhar a casca, removendo assim o tanino e tornando-a segura para o cultivo.

Armazenamento de compostagem da casca de pinos

Com a produção estabilizada, a casca de pinus se tornou um substrato essencial, suprindo nichos de mercado como orquidários, hortaliças, suculentas, mudas de fumo e repicagem de erva-mate, entre outros. Hoje, o material é fornecido para produtores de citros em Santa Catarina e também para viveiros de araucárias.

A casca de pinus, sem moer, também é amplamente comercializada para paisagismo e decoração de jardins. Seu uso já é comum nos Estados Unidos, onde auxilia na retenção de umidade e na prevenção de pragas. Pedro destaca que nada se perde: tudo que chega como matéria-prima é aproveitado.

Direta ou indiretamente, Pedro Padilha é responsável pelo fornecimento de insumos para mais de 100 viveiristas que produzem orquídeas. Seu espaço, chamado Paraíso das Flores, junto ao Recanto das Araucárias, recebe frequentemente visitantes interessados em adquirir flores, insumos, mudas de hortaliças e enxertos de araucárias.

O setor é pouco lembrado, e Pedro agradece nossa equipe por divulgar seu trabalho. Ele destaca que não só o Paraná, mas todo o Sul do país deveria conhecer a relevância dessa atividade. Além disso, reforça que o substrato de casca de pinus melhora com o tempo, aumentando sua qualidade.

No que diz respeito às flores, a maior parte da produção tem como destino prefeituras de diversas regiões, que utilizam as plantas para embelezar cidades e canteiros. Entre 20 e 30 prefeituras figuram entre seus clientes.

Assim, em Bituruna, encontramos um trabalho notável realizado por Pedro Padilha no Paraíso das Flores, transformando a casca de pinus em um produto de excelência para a agricultura e jardinagem.

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