Minas Gerais consolida força do agro com resultado recorde nas exportações

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Foto: Pensar Agro

O agronegócio de Minas Gerais iniciou 2025 com resultados históricos, reforçando sua posição como protagonista da economia estadual. No primeiro trimestre do ano, o setor alcançou um faturamento inédito de R$ 26,1 bilhões, o maior já registrado desde 1997, quando teve início a série histórica da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

O desempenho expressivo reflete a crescente relevância do agro mineiro nas exportações do estado. Com aproximadamente 3 milhões de toneladas exportadas, o setor superou inclusive a tradicional mineração e respondeu por 45,3% das vendas externas totais de Minas Gerais. Somente o mês de março apresentou receita recorde, superando todos os meses anteriores em termos de faturamento.

O crescimento de 26% na receita em relação ao mesmo período de 2024 foi conquistado mesmo com uma redução de 14,2% no volume embarcado. Isso se deve, em grande parte, à valorização das commodities agrícolas no mercado internacional. O preço médio por tonelada dos produtos agropecuários subiu 47%, enquanto, nos demais setores da economia mineira, essa valorização foi de 13%.

Entre os produtos mineiros, o café se destacou mais uma vez como a principal estrela do agronegócio estadual. O grão representou 64% de toda a receita gerada pelo setor no trimestre, com a exportação de 7,8 milhões de sacas e um faturamento de R$ 16,8 bilhões. Isso representa um crescimento de 77% na receita em relação ao ano anterior, mesmo com aumento modesto de 3% no volume exportado.

Minas manteve sua posição como o terceiro maior exportador do agronegócio brasileiro, atrás apenas de Mato Grosso e São Paulo. Os produtos mineiros chegaram a 150 mercados diferentes, sendo a China o principal destino, com 19% das compras, seguida por Estados Unidos (13%), Alemanha (10%), Itália e Japão (5% cada).

Outro destaque surpreendente do período foi o crescimento nas exportações de ovos. Impulsionadas pelo surto de gripe aviária nos Estados Unidos, as vendas externas do produto mineiro aumentaram 266% em valor e 153% em volume, somando 2 mil toneladas e R$ 23,2 milhões em receita. Esse avanço foi fortemente apoiado pela demanda dos próprios EUA e do Chile.

As carnes também mostraram um desempenho sólido. Foram exportadas 115 mil toneladas no trimestre, com receita de R$ 2,24 bilhões — um crescimento de 23% em comparação ao mesmo período de 2024. A carne bovina liderou, com 57 mil toneladas e R$ 1,56 bilhão em receita, especialmente devido à forte alta nas vendas para os Estados Unidos, que cresceram 148%. Já a carne de frango respondeu por R$ 550 milhões, enquanto os suínos renderam R$ 104 milhões.

Apesar dos resultados animadores no geral, alguns segmentos enfrentaram dificuldades. O setor sucroalcooleiro — que inclui açúcar e etanol — teve queda de 50% na receita e 46% no volume exportado, com movimentação de R$ 1,48 bilhão. A retração foi atribuída à desvalorização dos preços internacionais.

O complexo da soja também registrou queda: a receita caiu 18,3% e o volume 8,8%, totalizando R$ 3,17 bilhões com a exportação de 1,4 milhão de toneladas. Ainda assim, o mês de março trouxe uma leve recuperação, impulsionada pelo início da nova safra.

Outro setor que sofreu impacto foi o de produtos florestais — celulose, papel e madeira. A receita caiu 15%, fechando o trimestre com R$ 1,41 bilhão. De acordo com a Seapa, a desaceleração de economias importadoras e os gargalos logísticos globais no transporte marítimo prejudicaram o desempenho.

Mesmo diante desses desafios pontuais, o agro mineiro demonstrou resiliência e capacidade de crescimento, mantendo sua importância estratégica para a balança comercial do estado e sinalizando um 2025 promissor para o setor.