
O cenário do mercado agrícola brasileiro tem registrado movimentações distintas nas últimas semanas, com destaque para a queda nos preços do milho e do feijão em diversas regiões do país. Segundo dados recentes do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o comportamento dos compradores tem sido determinante para essa tendência de desvalorização, especialmente no mercado de milho.
Com uma postura mais cautelosa, parte dos demandantes decidiu se afastar das compras no mercado spot, optando por utilizar os estoques já disponíveis enquanto aguardam possíveis recuos mais expressivos nos preços. Aqueles que seguem ativos nas negociações têm oferecido valores mais baixos, o que reforça a pressão sobre o mercado.
Do outro lado da balança, os vendedores — em sua maioria produtores rurais — mostram maior flexibilidade nos preços e prazos de negociação, principalmente por estarem concentrados nas atividades de campo. A preocupação com as condições climáticas ainda é presente, mas a previsão de retorno das chuvas tem gerado expectativa de alívio para as lavouras de segunda safra, principalmente no Paraná e em Mato Grosso do Sul, onde o tempo seco de março causou apreensão.
A semeadura da segunda safra de milho já foi concluída, de acordo com o relatório divulgado pela Conab em 14 de abril. Já a colheita da safra de verão avança a passos firmes, atingindo 65,5% da área total do país, número superior à média histórica de 60,3% registrada nos últimos cinco anos. Essa evolução está diretamente ligada ao manejo técnico, como o controle assertivo da mancha-alvo, que tem contribuído para evitar perdas significativas na produção.
Enquanto isso, o mercado do feijão também apresenta um ritmo mais lento. As negociações têm ocorrido de forma pontual, especialmente para os grãos classificados com nota 9 ou superior. Embora os produtores mantenham firmeza nos preços para os lotes de melhor qualidade, a ampla disponibilidade do produto e a demanda enfraquecida têm mantido os preços sob pressão.
Até o dia 13 de abril, cerca de 79,2% da área destinada à primeira safra de feijão já havia sido colhida, conforme dados da Conab. As estimativas mais recentes apontam estabilidade na oferta total de feijão em 2025, com uma leve queda de 0,9% na disponibilidade interna. Ainda assim, a colheita robusta da primeira safra deverá garantir o abastecimento nacional, mesmo diante das projeções de redução nas produções da segunda e terceira etapas. Um ponto que chama atenção é o crescimento estimado de 20% na oferta de feijão preto, o que contribui ainda mais para a tendência de queda nos preços desse segmento.
Esse contexto revela um mercado em constante ajuste, onde clima, estratégia de comercialização e expectativas futuras moldam os rumos da oferta e da demanda de grãos no Brasil.