Uma intensa frente fria está prestes a atingir o estado do Paraná, com previsão de queda significativa nas temperaturas a partir de quinta-feira (29). Diante desse cenário, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e o Simepar emitiram um alerta para os produtores rurais, recomendando atenção redobrada e a adoção de medidas preventivas para reduzir os impactos das geadas sobre a produção agropecuária.
O avanço da massa de ar polar deve afetar todas as regiões do estado, com potencial para causar prejuízos em diversas culturas agrícolas e criações. Hortaliças, milho, café, frutas tropicais e pastagens estão entre as mais vulneráveis, assim como as atividades da pecuária leiteira e de corte. A orientação técnica busca minimizar as perdas econômicas e garantir o bem-estar animal.
Café e hortaliças: proteção redobrada
No caso dos cafezais, os cuidados variam conforme a fase da plantação. Para mudas recém-plantadas, recomenda-se o enterrio para isolamento térmico. Já em viveiros, a instalação de várias camadas de plástico ou sistemas de aquecimento pode evitar a exposição direta ao frio. Para lavouras com até dois anos, a técnica de amontoa de terra no tronco deve ser aplicada, mantendo a proteção até setembro.
As hortaliças, especialmente sensíveis ao frio, exigem ações específicas. Em cultivos protegidos, é necessário reforçar o fechamento das estufas, controlar a irrigação antes da chegada da massa fria e, se possível, utilizar sistemas de aquecimento à base de carvão, sempre com monitoramento noturno. Para plantações a céu aberto, o uso de mantas térmicas, fumaça e pulverizações com soluções salinas podem ajudar a evitar a formação de geada nas folhas.
Pecuária leiteira e de corte sob pressão
O frio intenso reduz a oferta natural de pasto, exigindo dos pecuaristas estratégias de suplementação alimentar. No leite, é essencial fornecer volumosos, como feno, e concentrados energéticos que auxiliem na manutenção da temperatura corporal dos animais. Bezerras recém-nascidas devem receber atenção especial, sendo abrigadas em locais sem correntes de ar, com piso forrado e, se possível, aquecidas com mantas ou roupas artesanais.
As vacas em fase final de gestação também necessitam de cuidados específicos. Ambientes protegidos ou piquetes maternidade com cama de feno são ideais, com monitoramento constante para garantir o aquecimento imediato dos bezerros após o parto.
Na pecuária de corte, a recomendação é antecipar o planejamento alimentar. A ausência de pasto devido à geada e estiagens pode ser compensada com silagem, feno e grãos, desde que seja avaliada a viabilidade econômica. O cultivo de forrageiras de inverno é uma alternativa para regiões de clima mais rigoroso.
Fruticultura e milho: medidas pontuais
Os fruticultores devem evitar o uso de reguladores de crescimento nesta época, manter as áreas limpas, irrigar de forma adequada e, quando possível, usar técnicas de aquecimento com fumaça para reduzir os danos.
Já para o milho, as opções de proteção direta são limitadas. Por isso, é fundamental seguir as orientações do zoneamento agrícola, garantindo a elegibilidade ao seguro rural. O IDR-Paraná reforça a importância de contratar apólices que ofereçam cobertura em caso de perdas por geada.
Sistema de alerta e apoio técnico
O Alerta Geada, serviço desenvolvido inicialmente para proteção de cafezais, hoje é uma ferramenta essencial para diversas cadeias do agronegócio. Avicultura, suinocultura, silvicultura e horticultura também se beneficiam das informações meteorológicas fornecidas em tempo real.
Durante períodos críticos, os técnicos do IDR-Paraná e do Simepar divulgam boletins com previsões atualizadas e orientações específicas para os produtores. O serviço está disponível por meio do aplicativo IDR Clima, do canal no WhatsApp “Alerta Geada Paraná”, pelo telefone Disque Geada, redes sociais e páginas oficiais das instituições.
Diante do alerta, a palavra de ordem é planejamento. As medidas de proteção devem ser adotadas de forma antecipada, evitando ações emergenciais e garantindo a sustentabilidade das atividades agropecuárias mesmo em condições climáticas adversas.