
A busca por cultivares mais produtivos e com melhor qualidade culinária tem sido um dos focos da Epagri no apoio à agricultura familiar em Santa Catarina. Um exemplo dessa iniciativa ocorreu no município de Curitibanos, onde a empresa reuniu agricultores e técnicos para apresentar e avaliar diferentes variedades de mandioca – também conhecida como aipim – desenvolvidas por seus centros de pesquisa.
No encontro, realizado no dia 13 de maio, participaram 27 pessoas, entre produtores e profissionais das cidades de Curitibanos, Frei Rogério e Brunópolis. A atividade ocorreu na Unidade de Referência Técnica (URT), instalada na propriedade do casal Nildo e Solange, na Comunidade do Cerro Alegre. As URTs funcionam como áreas demonstrativas onde tecnologias são testadas e, posteriormente, disseminadas entre outras famílias rurais.
Durante a ação, seis variedades de mandioca foram analisadas quanto à produtividade e ao tempo de cozimento – dois fatores determinantes para a aceitação do produto no mercado. A variedade SCS 260 Uirapuru obteve o melhor desempenho, com produtividade de 25 toneladas por hectare. Logo após veio a SCS 262 Sempre Pronto, com 22 t/ha. As cultivares SCS 263 Guapo e Estação atingiram 18 t/ha, enquanto a SCS 258 Peticinho rendeu 13 t/ha. A SCS 261 Ajubá apresentou o menor resultado, com apenas 6 t/ha, influenciada por falhas no plantio.
A extensionista Juliana Golin Krammes, responsável pela organização do evento, destacou que além da análise de rendimento, também foi avaliado o tempo de cozimento das raízes – um atributo essencial para a comercialização. Segundo ela, raízes com oito meses de idade apresentaram melhor sabor e maciez, além de menor tempo de preparo, entre 10 e 15 minutos. Já as raízes mantidas por dois anos exigiram mais de 30 minutos de cozimento e tiveram desempenho inferior na degustação.
Juliana ressaltou ainda que, embora seja comum na região deixar parte da produção para o segundo ciclo – prática que permite rebrote da planta e raízes mais grossas –, essa estratégia pode comprometer a qualidade final do produto. Além disso, manter a planta no solo por mais tempo implica em custos maiores com uso da terra, o que nem sempre compensa comercialmente.
O pesquisador Eduardo da Costa Nunes, da Epagri de Urussanga, também participou do evento, apresentando detalhes técnicos sobre as variedades e práticas de manejo para a cultura do aipim. Durante as atividades, os participantes tiveram a oportunidade de trocar experiências, conhecer tecnologias e refletir sobre a importância de escolher materiais genéticos adequados às condições locais.
De acordo com os técnicos da Epagri, ainda é comum que os agricultores da região cultivem variedades desconhecidas, sem avaliar previamente suas características. Isso pode comprometer a aceitação do produto no mercado. Por isso, reforçam a importância de testes de cozimento antes da venda, garantindo que o aipim comercializado seja macio, não fibroso e de preparo rápido.
Com ações como essa, a Epagri reafirma seu compromisso com o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar catarinense, promovendo inovação e melhoria da renda no campo por meio da seleção criteriosa de cultivares e da difusão de conhecimentos técnicos.