As chuvas recentes desempenharam um papel essencial na preservação do potencial produtivo das lavouras de milho safrinha, principalmente as implantadas nos meses de janeiro e fevereiro. Esses volumes hídricos favoreceram o desenvolvimento da cultura, enquanto as áreas semeadas em um período intermediário, entre novembro e meados de dezembro, se encontram nas fases de floração e enchimento de grãos.
De acordo com o Informativo Conjuntural divulgado nesta quinta-feira (06/03), embora as precipitações tenham melhorado o aspecto visual das lavouras, ainda são esperadas perdas no rendimento devido à escassez hídrica e às altas temperaturas registradas nos primeiros meses do ano. Esse cenário resultou em um desequilíbrio hídrico significativo para as plantas. Por outro lado, as lavouras semeadas de forma precoce, até outubro de 2024, já foram colhidas, apresentando produtividade satisfatória e, em alguns casos, superando as expectativas iniciais.
O avanço da colheita tem ocorrido de forma acelerada, atingindo 68% das áreas cultivadas. As condições climáticas, especialmente a baixa umidade relativa do ar, contribuíram para a secagem rápida dos grãos. Essa estratégia de adiantar a colheita visa otimizar os trabalhos no campo antes da intensificação das atividades voltadas à cultura da soja.
Desenvolvimento da Soja
A cultura da soja também tem sido impactada pelas condições climáticas. Na última semana, as chuvas ocorreram de maneira irregular. Regiões que receberam volumes mais significativos apresentaram uma recuperação parcial das lavouras. Entretanto, em áreas com baixa recarga hídrica, houve intensificação de sintomas de estresse fisiológico, como enrolamento foliar e abortamento de estruturas reprodutivas, agravados pelas altas temperaturas.
Atualmente, 57% das lavouras de soja estão na fase de enchimento de grãos, enquanto cerca de 20% encontram-se em maturação. A colheita teve início, mas de forma pouco expressiva, atingindo apenas 3% da área total, com maior impacto em regiões afetadas pela estiagem. As diferenças no potencial produtivo da soja refletem a distribuição desigual das chuvas, a época de semeadura e as condições edafoclimáticas, que influenciaram a retenção de umidade no solo.
O Centro-Oeste do estado continua sendo a região mais impactada pela estiagem, apresentando perdas significativas. Por outro lado, nas áreas localizadas a Leste, onde houve maior incidência de chuvas, as lavouras mantêm um potencial produtivo próximo ao inicialmente projetado.
A Emater/RS-Ascar estima que a área total cultivada com soja seja de aproximadamente 6.811.344 hectares, com produtividade média prevista de 3.179 kg/ha. Contudo, devido às adversidades climáticas, espera-se uma revisão para baixo nesses números. Novas estimativas serão divulgadas na próxima terça-feira (11/03) durante a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque.
Situação das Pastagens e da Pecuária
Apesar das altas temperaturas, as pastagens nativas e cultivadas têm apresentado um bom desenvolvimento, beneficiadas pelas chuvas recentes. A forragem produzida tem mantido qualidade adequada, suprindo a demanda dos rebanhos. Os produtores seguem se organizando para a aquisição de sementes de forrageiras de inverno, garantindo a continuidade do fornecimento de alimento para o gado.
Na bovinocultura de corte, os animais em pastejo apresentam boas condições corporais, resultado direto da recuperação das pastagens. O período de entoure está próximo do fim, e o diagnóstico de gestação segue em andamento para a seleção das matrizes que permanecerão no plantel.
Na bovinocultura de leite, apesar da melhora nas pastagens, a produção de leite ainda enfrenta desafios. O estresse térmico e a consequente redução no consumo de alimentos têm impactado os níveis produtivos. Para mitigar esses efeitos, os produtores estão intensificando o uso de alimentos conservados, como silagem, buscando minimizar as perdas e manter a oferta de leite estável.
As próximas semanas serão decisivas para a consolidação das produtividades das culturas e o desempenho da pecuária, com a expectativa de que os volumes de chuvas continuem a contribuir para a estabilidade das atividades agropecuárias no estado.
Para mais informações acesse: https://www.emater.tche.br/site/info-agro/informativo_conjuntural.php