O Brasil acaba de conquistar um avanço significativo na fiscalização e na qualidade dos azeites comercializados no país. O Conselho Oleícola Internacional (COI) homologou o segundo painel sensorial de azeite de oliva do país, localizado na Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ). Esse grupo de especialistas tem a capacidade de avaliar a autenticidade e a qualidade dos azeites, podendo até reclassificá-los caso detecte inconsistências na rotulagem.
A certificação foi conquistada após cinco anos de capacitação e qualificação do painel, que agora pode auxiliar o Ministério da Agricultura na fiscalização do setor. Além de combater fraudes, a iniciativa fortalece a produção nacional e incentiva o consumidor a fazer escolhas mais conscientes sobre a qualidade dos azeites disponíveis no mercado.
A pesquisadora Daniela De Grandi Castro Freitas de Sá, líder do painel, explica que a equipe utiliza tanto análises químicas quanto sensoriais para determinar a classificação do azeite. “A análise sensorial é um método normatizado internacionalmente, que permite classificar o azeite entre extravirgem, virgem e lampante, garantindo que o produto esteja adequado aos padrões de qualidade”, afirma.
A criação desse novo painel é fundamental para reduzir a entrada de azeites importados de baixa qualidade, que competem de forma desleal com a produção nacional. Segundo a auditora federal agropecuária Helena Pan Rugeri, a fiscalização tem mostrado um alto índice de fraudes, com produtos rotulados como extravirgens, mas que na realidade possuem defeitos sensoriais. “O Brasil precisa de mais painéis certificados para ampliar essa fiscalização e garantir que os consumidores tenham acesso a produtos autênticos”, destaca Rugeri.
A produção de azeite no Brasil ainda é pequena, com cerca de 700 toneladas anuais, concentrada no Rio Grande do Sul e na Serra da Mantiqueira. No entanto, a qualidade dos azeites brasileiros tem sido reconhecida internacionalmente, conquistando prêmios importantes. Com a nova certificação da Embrapa, espera-se um impacto positivo tanto para a fiscalização quanto para o fortalecimento da cadeia produtiva nacional.