Os consumidores brasileiros têm sentido no bolso a recente alta no preço dos ovos. Esse aumento, que já alcança 35% em algumas regiões, tem múltiplas causas, incluindo fatores climáticos, aumento da demanda e custos elevados de produção. Com a chegada da Quaresma, período em que o consumo de ovos cresce, a tendência é que os valores permaneçam elevados até o final da temporada.
Principais Motivos para a Alta nos Preços
- Onda de calor intensa: O Brasil enfrenta temperaturas elevadas, afetando diretamente a produção de ovos. Galinhas poedeiras são altamente sensíveis ao calor, e temperaturas acima de 28ºC já impactam negativamente a produtividade. Em polos produtores como Bastos (SP), as temperaturas têm ficado entre 33ºC e 36ºC desde dezembro, reduzindo a oferta de ovos no mercado.
- Aumento da demanda: Com o preço da carne bovina elevado, muitos consumidores optam pelo ovo como alternativa de proteína. Esse fenômeno contribui para a pressão sobre os estoques e impulsiona os preços para cima.
- Custo elevado dos insumos: O setor enfrenta aumento significativo nos custos de produção. O preço do milho, principal componente da alimentação das aves, subiu cerca de 30%, enquanto os insumos para embalagens tiveram uma elevação de mais de 100%. Esses fatores encarecem a produção e refletem no preço final ao consumidor.
- Exportações aquecidas: O Brasil tem ampliado suas exportações de ovos. Em janeiro, foram enviadas ao exterior cerca de 2,3 mil toneladas, um crescimento significativo. Os Estados Unidos, por exemplo, aumentaram suas importações em 33% no último mês, devido ao impacto da gripe aviária em suas granjas.
Expectativa de Normalização
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a alta nos preços dos ovos é uma situação sazonal e deve se manter até o fim da Quaresma. Esse período tradicionalmente registra maior demanda por ovos, uma vez que muitos consumidores, especialmente os católicos, reduzem o consumo de carne vermelha.
A expectativa é que, após a Quaresma, os preços se estabilizem conforme a produção se reequilibre e a demanda retorne a patamares normais. Além disso, a nova regulamentação que exige informações impressas diretamente na casca dos ovos, como data de validade e registro do produtor, não deve impactar significativamente os preços.
Impacto em Outros Alimentos
O calor extremo não afeta apenas a produção de ovos. Produtos agrícolas como hortaliças e frutas também sentem os efeitos das altas temperaturas. Itens como abobrinha, pepino e tomate já registraram aumentos expressivos, contribuindo para a elevação do custo da alimentação no início do ano.
Diante desse cenário, consumidores devem se preparar para preços elevados nas próximas semanas, com a expectativa de alívio somente após o período da Quaresma.
