Pesquisadores da Epagri e da Cidasc acenderam um sinal de alerta importante para a citricultura catarinense. Estudos recentes confirmaram a presença da Huanglongbing (HLB), conhecida popularmente como greening ou amarelão dos citros, em pomares do Oeste de Santa Catarina. Considerada a enfermidade mais devastadora para as plantas cítricas, o HLB não possui cura e compromete toda a produtividade das árvores afetadas.
A doença é causada por uma bactéria transmitida pelo psilídeo asiático dos citros (Diaphorina citri), um pequeno inseto que se alimenta da seiva das plantas. Durante esse processo, ele pode carregar a bactéria de uma planta infectada para uma saudável, espalhando silenciosamente o patógeno. Isso porque os primeiros sintomas podem demorar de seis meses a um ano para aparecer.
Entre os sinais mais evidentes estão o amarelamento irregular das folhas, deformações nos frutos e alterações no sabor, além da queda prematura dos cítricos e perda significativa da produção. Uma vez infectada, a planta não se recupera: aos poucos, deixa de produzir e acaba morrendo.

A introdução da doença em Santa Catarina ainda é cercada de dúvidas. As principais hipóteses apontam para a migração natural do psilídeo a partir de áreas vizinhas, como o Paraná e a Argentina, ou a entrada de mudas já contaminadas. Em Ipuaçu, por exemplo, um pomar inteiro precisou ser eliminado após testes confirmarem a infecção total das árvores.
O estudo, publicado na revista científica Tropical Plant Pathology, detalha as ações de monitoramento iniciadas em 2016 e intensificadas nos últimos dois anos. Um caso suspeito em Xanxerê deu início a uma grande operação de inspeção em pomares comerciais e residenciais num raio de 4 quilômetros, revelando novas infecções em municípios como Guaraciaba, São Lourenço do Oeste, São José do Cedro e Abelardo Luz. Amostras de insetos capturados nessas áreas também confirmaram a presença da bactéria.
Apesar do avanço da doença, as condições climáticas e geográficas do Estado ainda oferecem certa resistência natural à sua disseminação. As temperaturas mais baixas no inverno dificultam o desenvolvimento do psilídeo, e a topografia diversificada cria barreiras naturais que limitam sua movimentação.
Santa Catarina tem destaque nacional na produção de mudas de citros de alta qualidade, sobretudo na região de Rio do Sul. A citricultura catarinense, fortemente baseada na agricultura familiar, precisa agora do engajamento total da população – rural e urbana – para conter o avanço do HLB. Isso porque plantas ornamentais e mudas mantidas em áreas urbanas também podem ser hospedeiras do psilídeo e da bactéria.
A prevenção é o principal caminho para o controle da doença. Recomenda-se aos produtores:
-
Realizar vistorias frequentes nas plantações;
-
Remover imediatamente qualquer planta com sintomas confirmados;
-
Controlar a população de psilídeos por meios químicos ou biológicos;
-
Adquirir mudas exclusivamente de viveiros protegidos e registrados;
-
Evitar comprar plantas em locais não autorizados, como feiras livres.
Qualquer suspeita deve ser comunicada diretamente à Cidasc, órgão responsável pela vigilância sanitária vegetal no Estado. A conscientização coletiva pode ser a chave para impedir que o HLB comprometa a produção cítrica em Santa Catarina – e preservar uma importante cadeia agrícola da região.