Pesquisa aponta caminhos sustentáveis para o uso do solo no Paraná

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Foto: IDR-PARANÁ

Nova publicação destaca avanços científicos no combate à erosão e preservação de recursos naturais

Uma nova obra técnica está disponível para download e promete contribuir de forma decisiva com produtores rurais, técnicos do setor agropecuário e formuladores de políticas públicas. Trata-se do segundo volume da coletânea Manejo e Conservação de Solo e Água, resultado de cinco anos de pesquisas em diversas regiões do Paraná. O material sistematiza informações fundamentais sobre a dinâmica da água da chuva, o transporte de sedimentos e o impacto das práticas agrícolas sobre a saúde do solo.

Com forte participação do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater), o livro reúne capítulos escritos por especialistas que atuaram diretamente em projetos de campo em todo o estado. Entre os organizadores estão a pesquisadora Graziela Moraes de Cesare Barbosa, coordenadora do Napi-Prosolo, e representantes de universidades estaduais como a Unicentro, UEPG e UTFPR.

A técnica central usada nos estudos é a hidrossedimentometria, que analisa o comportamento da água da chuva quando ela escoa e transporta partículas de solo. Através dessa abordagem, é possível mensurar a perda de solo, avaliar o escoamento superficial e propor soluções de manejo capazes de mitigar a erosão e melhorar a qualidade do solo.

Segundo Graziela Barbosa, a publicação representa um marco para a ciência agrícola no estado. “Conseguimos integrar dados físicos, químicos e biológicos do solo, conectando a teoria aos desafios práticos enfrentados nas propriedades rurais”, afirma.

Abordagem regional e foco conservacionista

O conteúdo do livro foi organizado com base nas mesorregiões do Paraná, permitindo uma análise detalhada das condições específicas de cada área produtiva. Os pesquisadores utilizaram megaparcelas e bacias hidrográficas monitoradas para medir a perda de sedimentos, variações de nutrientes e a influência das chuvas em diferentes sistemas de manejo.

Entre os temas abordados estão o uso de chuva simulada, análise integrada da qualidade do solo e o impacto ambiental das práticas agrícolas, incluindo a emissão de gases do efeito estufa. Há também diretrizes voltadas ao uso responsável de dejetos animais, prática comum em regiões do Sudoeste do estado.

O primeiro volume da coletânea, lançado anteriormente, tratou da estruturação da rede de pesquisa e das metodologias utilizadas nos experimentos. Já esta nova edição foca nos resultados obtidos e nas recomendações práticas para tornar os sistemas agrícolas mais sustentáveis.

Napi-Prosolo: aliança pela conservação do solo e da água

A publicação é fruto dos trabalhos realizados no âmbito do Napi-Prosolo (Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação em Conservação de Solo e Água), uma iniciativa que une esforços da Rede Paranaense de Agropesquisa e do Programa Prosolo, ambos coordenados pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).

Criado em 2023, o Napi-Prosolo representa a consolidação de mais de uma década de ações voltadas à conservação dos recursos naturais no estado. Com participação de 30 pesquisadores, 10 instituições e apoio de mais de 300 estudantes e bolsistas, o programa já promoveu dezenas de eventos de campo e lançou duas obras técnicas, com investimentos superiores a R$ 18 milhões.

Entre seus principais objetivos estão o desenvolvimento de critérios técnicos para a implantação de práticas conservacionistas adaptadas às diferentes realidades do solo paranaense, além da disseminação de conhecimentos sobre uso racional da água e preservação ambiental no campo.

As instituições executoras do projeto incluem o IDR-Paraná, UTFPR, UEPG, Unicentro e o Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação (Iceti), com apoio da Fundação Araucária, Faep, Senar-PR e Seti.

Para a pesquisadora Graziela Barbosa, a iniciativa reforça a importância da união entre pesquisa científica, extensão rural e políticas públicas. “Nosso objetivo é garantir a produtividade e a renda no campo, sem abrir mão da conservação dos recursos naturais que sustentam toda a cadeia do agronegócio”, conclui.