Epagri impulsiona práticas sustentáveis e ajuda Santa Catarina a reduzir emissões no campo
Santa Catarina figura entre os estados brasileiros que menos contribuem para o aquecimento global. De acordo com o Observatório do Clima, o estado ocupa a sexta posição no ranking nacional de menores emissões e vem avançando de forma consistente no setor agropecuário. Entre 2022 e 2024, as emissões catarinenses diminuíram 15,2 milhões de toneladas — o equivalente a cerca de 20% da meta prevista no Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono ABC+SC 2020-2030. Mais da metade dessa redução, 8,8 milhões de toneladas, foi alcançada graças às tecnologias implementadas pela Epagri.
A instituição teve participação decisiva no volume de 15,8 milhões de toneladas mitigadas por meio das ações do Plano ABC+SC. Para o presidente Dirceu Leite, o desafio é ampliar o uso de técnicas sustentáveis consolidadas pelas pesquisas e pela extensão rural. “Nosso papel é fortalecer práticas que conciliem produtividade com responsabilidade ambiental. Queremos que Santa Catarina seja referência em agropecuária de baixo carbono, preparada para lidar com as mudanças climáticas e competitiva no mercado”, destaca.
Lançado em 2023 pela Secretaria de Agricultura e Pecuária, o ABC+SC reúne órgãos do governo, a Epagri e entidades do setor produtivo. O objetivo é reduzir 86 milhões de toneladas de carbono até 2030 — meta que o estado vem cumprindo com resultados expressivos.
O analista de extensão e coordenador do plano na Epagri, Humberto Bicca Neto, ressalta que, em apenas dois anos, sistemas sustentáveis já foram implantados em mais de 141 mil hectares de áreas agropecuárias. “Desse total, aproximadamente 65% estão ligados às capacitações promovidas pela Epagri. Já treinamos mais de 18 mil produtores e nossa meta é alcançar 73 mil até 2030”, afirma.
Tecnologias que fazem a diferença
Seis sistemas produtivos sustentáveis difundidos pela Epagri são os pilares do avanço catarinense no Plano ABC+SC:
Florestas Plantadas
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)
Manejo e Recuperação de Pastagens Degradadas
Sistema Plantio Direto de Grãos (SPDG)
Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH)
Sistemas Irrigados
Entre eles, o Sistema Plantio Direto de Grãos tem sido um dos mais representativos. Somente entre 2022 e 2024, a área conduzida nesse modelo cresceu 57.113 hectares. A técnica mantém o solo protegido por plantas de cobertura, reduz a necessidade de revolvimento e melhora a fixação de carbono, contribuindo diretamente para a diminuição de gases de efeito estufa.
Outra prática em expansão é o Sistema Plantio Direto de Hortaliças. Pioneira desde os anos 1990, a Epagri já implementou o método em 1.374 hectares nos últimos dois anos. Embora a área pareça modesta, ela tem grande relevância devido ao tamanho médio das propriedades hortícolas. O sistema é reconhecido por reduzir custos, diminuir o uso de defensivos e adubos químicos e promover maior eficiência produtiva.
A recuperação de pastagens degradadas também tem ganhado destaque. Entre 2023 e 2024, foram recuperados 28.389 hectares. Estudos mostram que pastagens naturais bem manejadas podem transformar a pecuária catarinense em uma atividade carbono zero, além de aumentar a infiltração de água, reduzir erosão e melhorar a capacidade de adaptação dos sistemas rurais a períodos prolongados de estiagem.
Com ações integradas de pesquisa, capacitação e tecnologia, a Epagri reforça seu papel estratégico na construção de uma agropecuária mais sustentável e alinhada às demandas ambientais globais. Santa Catarina segue avançando, consolidando-se como modelo de produção rural que une eficiência, inovação e responsabilidade climática.
